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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pesquisadores da UFMG mensuram reflexos do Mundial de 2014 sobre a economia do Nordeste


Pesquisadores da UFMG mensuram reflexos do Mundial de 2014 sobre a economia do Nordeste

No país do futebol, as expectativas para a próxima Copa do Mundo são cada vez mais otimistas, mas os reais impactos dela parecem difíceis de mensurar. Projeções de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam para um crescimento agregado de 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará graças aos investimentos previstos para a Copa de 2014.

No Nordeste, a projeção é que o conjunto de todos os bens e serviços produzidos na região seria ampliado em 1,24% em relação a um cenário no qual não são consideradas as repercussões do torneio mundial. No Rio Grande do Norte, o impacto deve ser o maior da região, com ampliação do PIB em 4,52%. Nos demais estados nordestinos onde também haverá partidas do torneio, Pernambuco e Bahia, o impacto da Copa no PIB seria de 1,85% e de 1,16%, respectivamente.

"Quando se analisa o efeito da Copa 2014 sobre a região Nordeste e seus respectivos Estados-sede, são observados impactos significativos sobre o PIB e o emprego, se considerarmos que a taxa média de crescimento do Nordeste entre 2003 e 2007 foi de 4,36% ao ano", compara o estudo apresentado durante o XVI Fórum BNB de Desenvolvimento e o XV Encontro Regional de Economia. Os eventos foram realizado nos dias 19 e 20 de julho, em Fortaleza.

O trabalho "Nordeste e a Copa do Mundo 2014: Impactos Econômicos de Megaeventos Esportivos" está disponível na internet e tem como autores os alunos de doutorado da UFMG - Admir Betarelli Júnior e Aline Magalhães - e o professor da instituição, Edson Domingues.

Como mensurar os efeitos do torneio de 2014 sem parecer ufanista ou acrítico em relação ao que divulgam os governantes sobre o evento, que pela segunda vez será sediado no Brasil?

O estudo indica que os investimentos em infraestrutura urbana nas cidades que sediarão a Copa representam efetivamente impacto de longo prazo para a economia desses municípios. Essa repercussão positiva, entretanto, tende a diminuir com o financiamento público para as obras de estádios de futebol, que implicam crescimento da dívida pública ou redução do gasto em outras ações de governo, analisam os pesquisadores.

Castelão

De acordo com o estudo sobre os impactos da Copa no Nordeste, 59,8% dos investimentos previstos para Fortaleza irão para a reforma do estádio Castelão. "Para manter esses equipamentos depois, há um gasto. O governo pode tirar de outras áreas para investir nisso", ressalta a doutoranda em Economia Aline Magalhães.

Em outros países, como Grécia e Canadá, grandes equipamentos construídos ou reformados para eventos esportivos acabaram ficando subutilizados e não gerando receita suficiente para cobrir a manutenção.

O secretário de Esporte do Ceará, Ferruccio Feitosa, avalia que não há como o Castelão se tornar um "elefante branco", sendo administrado por meio de Parceria Público Privada. "Haverá uma melhor utilização, inclusive eventos como congressos e exposições de livros numa arena multiuso", explica.

Metodologia

Os economistas fizeram a análise dos impactos utilizando um modelo alimentado com 300 mil variáveis e equações, que gerou simulações sobre as repercussões do evento. Foram levados em conta recursos previstos para obras de infraestrutura urbana e de estádios, além da fonte financiadora. Admir explica que não é possível comparar esse estudo com outros já divulgados sobre o tema porque a metodologia dos demais não foi tornada pública. Neste caso, não foram levados em conta ampliação dos setores de serviços e hotelaria e fluxo adicional de turistas. Para os pesquisadores da UFMG, "tais impactos, se existem, são de difícil projeção".

CRISTIANE BONFIM
Repórter

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